quinta-feira, 5 de novembro de 2009

VERMELHOS




COM RUBRAS CORES FAZ-SE POESIA

QUERO O VERMELHO DO OLHO QUE CHORA
DA BOCA, DAS PAIXÕES IRRACIONAIS
DESSAS INCONTROLÁVEIS PAIXÕES QUE DILATAM AS VEIAS.
ESCREVO COMO OS AMANTES E SUAS ROSAS
E COMO SEUS AGREDIDOS E SEUS HEMATOMAS.
MINHA POESIA É VERMELHA
TEM A COR DOS FOGOS
E DO URUCUM
MENSTRUO PALAVRAS GERADAS NO VENTRE DOS SENTIMENTOS
LAMBUZO O PAPEL COM O QUE PULSA
E VIAJA PELAS ARTÉRIAS
FAÇO VERSOS COMO QUEM DOA
SENTO NA ESCRIVANINHA DE MIM
E ME ESPREMO O CORAÇÃO
CADA LETRA QUE PINGA NA CANETA
É UMA GOTA DE SANGUE
TRANSFORMADA EM TINTA
DEPOIS ME SALVO
PELA TRANSFUSÃO DE AMORES
QUE GOTEJAM
(Samantha Medina)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PRAIANAS











Por que fotografo? Talvez a resposta mais correta para essa questão seja: “fotografo porque desenhava na infância”. Por muitos aspectos, vejo a fotografia como uma continuidade desse desenhar, desse jogo de olhar, jogo de compreender o olhar, de instrumentalizá-lo. Sinto prazer nisso. Isso deveria bastar, e basta-me.









segunda-feira, 28 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ABSTRAÇÕES









Começando de novo

" Difícil fotografar o silêncio.Entretanto tentei. Eu conto.Madrugada a minha aldeia estava morta.Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.Eu estava saindo de uma festa.Eram quase quatro da manhã.Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.Preparei a minha máquina.O silêncio era um carregador?Estava carregando o bêbado.Fotografei o carregador.

Tive outras visões naquela madrugada.Preparei minha máquina de novo.Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.Fotografei o perfume.Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.Fotografei a existência dela.Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.Fotografei o perdão.Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.Fotografei o sobre.Foi difícil fotografar o sobre.

Por fim eu enxerguei a Nuvem de calça.Representou para mim que ela andava na aldeia de braços dados com Maiakovski - seu criador.Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa mais justa para cobrir a sua noiva,A foto saiu legal."

Manoel de Barros